Com apenas 17 anos, <b>Ataíde Xavier da Silva Neto</b>, ou simplesmente <b>Netinho</b>, já é um dos nomes mais comentados da nova geração da música. Nascido em Murici, na Zona da Mata de Alagoas, ele se mudou para Maceió para se preparar para o vestibular de Medicina — sonho que cultivou por anos. Mas, em 2024, seus planos deram uma reviravolta: foi quando decidiu apostar de vez na música e mergulhar no universo das composições. Hoje, morando em Fortaleza e prestes a se mudar para Goiânia em busca de novas oportunidades, Netinho é o autor de sucessos como <b>“Última Noite”</b>, faixa destaque do álbum <b>“Obrigado Deus”, de Léo Foguete</b>, que ficou dois meses no Top 1 do Brasil e já acumula milhões de streams nas plataformas digitais. O projeto, que também inclui músicas de sua autoria como <b>“Inconfiável”, “Cabelo de Sol” e “Sorriso de Pérola”</b>, está indicado ao <b>Grammy Latino 2025</b> na categoria “Melhor Álbum de Música Sertaneja”.(iframe)<b>Em entrevista exclusiva ao Sua Música</b>, o jovem compositor fala sobre sua trajetória, os desafios da idade, as inspirações para compor e suas expectativas para o futuro.<b>Em 2024 você comentou que tinha o sonho de estudar Medicina. Esse desejo continua? Pretende conciliar a carreira musical com a Medicina no futuro?</b>"Já é um sonho antigo, mas hoje a composição é o meu maior foco, até por causa da minha idade. Estou focado nas composições para acertar de novo. Todos os planos que eu pensava para minha vida viraram outra coisa. Trabalhando com música hoje, eu vejo que se estivesse em outra área, não seria tão feliz. Eu nasci para isso mesmo. A música é o que me faz acordar todos os dias."<b>Qual foi sua primeira reação ao saber que suas composições estavam na lista do Grammy Latino?</b>"Quando acontecem coisas muito grandes na minha vida, eu lembro que há um ano eu estava no colégio, só queria ter uma música gravada. Deus me deu muito mais do que eu imaginava. Fiquei muito feliz, é um sonho. Nunca sonhei, nem nos melhores sonhos, que eu teria quatro músicas indicadas ao Grammy Latino com apenas 17 anos. Parece um sonho que eu ainda não acordei. Eu estava em Goiânia compondo quando vi a notícia. Falei: ‘Meu Deus do céu, Grammy Latino!’"<b>E qual é a expectativa para o prêmio com o álbum “Obrigado Deus”?</b>"Nós temos grandes concorrentes, tem uma galera muito forte. Mesmo se não ganharmos, sei que vai estar em boas mãos. Eu quero ganhar, claro, mas só de estar lá já é um absurdo, em tão pouco tempo de carreira. Faz exatamente um ano que eu entrei no mercado como compositor, quando “Última Noite” foi lançada em 12 de setembro. É coisa de outro mundo. Nem sei me expressar direito, porque o Grammy Latino é a maior premiação de música da América Latina."<b>Como surgiu a parceria com Léo Foguete?</b>"Eu mandei uma mensagem no Instagram dele dizendo que era compositor de Alagoas, que tinha 16 anos e que tinha uma música que se encaixava com o perfil dele. Ele me respondeu na hora e me passou o WhatsApp. Nessa época ele tinha 90 mil seguidores. Pensei que seria minha última tentativa antes de focar no ENEM. Mandei três músicas: Geladeira, Despertador e Última Noite, que eu nem gostava tanto na época. Hoje, essas músicas estão em stand by. Nós somos amigos e conversamos quase todos os dias, mas quase não falamos de música. Temos muita gratidão um pelo outro, mudamos a vida um do outro."<b>De onde vem sua inspiração para compor? Alguma experiência pessoal já virou música?</b>"Já muitas vezes. Mas hoje, para quem compõe para o mercado, é mais transpiração do que inspiração. Quanto mais você compõe, mais se torna um hábito. “Última Noite”, por exemplo, eu fiz com 14 anos. Eu estava com insônia e só consegui dormir depois de escrever a música. Hoje, quando sentamos para compor, temos temas específicos para um projeto ou artista. É algo mais pensado."<b>Quais são suas maiores inspirações musicais?</b>"Sou muito fã do Djavan e do Emílio Santiago. Para mim, eles são o suprassumo da música brasileira. Tento fazer coisas parecidas, mas são dois gênios."<b>Você faz parte de uma grande equipe e já trabalhou com artistas consagrados. Algum conselho recebido nesse período marcou sua carreira?</b>"O conselho mais valioso que recebi foi do Jujuba [seu assessor]. Assim que a música estourou, ele me falou: ‘Espero que você não pare aqui. Trabalhe como se nunca tivesse acertado nenhuma música.’ E é isso que faço até hoje. Não podemos viver de passado, temos que continuar buscando novos acertos."<b>Você ainda é menor de idade. Isso já trouxe algum desafio na sua trajetória?</b>"Não no meio musical, mas com o público sim. Já sofri ataques, principalmente com “Última Noite”. Preciso provar que sou o compositor, às vezes mostrando meu Instagram. Talvez seja por descrença na minha idade ou até pela questão racial. Mas não deixo isso me parar."<b>Tem novidades chegando na sua carreira?</b>"Daqui a pouco estamos lançando um projeto como cantor. Podem esperar músicas românticas. Não posso falar muito, mas é um pop meio MPB, meio tudo. Vai dar certo, fé em Deus."<b>O que você espera que as pessoas sintam ao ouvir suas músicas?</b>"Sempre busco falar bem da mulher. O mercado tem ondas de músicas que desqualificam ou usam termos pejorativos, e eu nunca quis isso. Cabelo de Sol e Sorriso de Pérola falam bem das mulheres, assim como “Cabelos Brancos” e “Galeria”. Quero que as pessoas se sintam bem quando ouvirem minhas músicas."