A eterna Mainha foi a convidada de estreia da mais nova temporada do “Sem Censura”, apresentado por Cissa Guimarães.<b> Ivete Sangalo</b> integrou o primeiro episódio de uma série que celebra os 40 anos do programa da TV Brasil e, também do Axé. Será uma temporada de verão gravada em parceria com a TVE Bahia, para homenagear e comemorar as quatro décadas do gênero.Durante a entrevista, a cantora contou alguns detalhes de sua vida pessoal e trocou ideias sobre questões como a valorização do<b> axé</b>, que ainda sofre apagamentos por ser um ritmo ligado a religiões de matriz africana: “A gente precisa falar dos terreiros de candomblé. O axé é um termo que para a gente significa força vital. Eu aprendi isso porque sou foliã, do Carnaval, sou baiana”, começou a cantora.“Fui entendendo que quanto mais genuína eu fosse, próxima do que sou, e o que aquilo me aproximaria das pessoas se fosse colocado de forma latente, isso seria uma coisa boa para mim. Eu não teria que viver um personagem e nem correr entre vacilos e erros. Vou poder ser e fluir", complementou.Em certo momento, Ivete Sangalo contou um episódio que aconteceu no Carnaval de 2017, quando <b>decidiu ir para as ruas de Salvador</b> com o marido, Daniel Cady, e amigos fantasiados de palhaço: “A verdade é que eu estava com um ranço enorme e só queria ir curtir o carnaval. Tinha uma terça-feira em que eu não consegui aproveitar como queria, porque decidi fazer algo diferente. [...] Chamei todos os meus amigos que eu queria que fossem comigo. Quando chegamos lá, falei para a galera: "Rapaziada, vamos para a rua!" Peguei a van, e quando abri a porta para descer, travei. Falei para o Daniel: "Será que vai dar certo, velho?" Ele respondeu: "Vamos embora, vai dar tranquilo. Qualquer coisa, a gente volta devagarinho."A cantora revelou que não sabia como agir por tanto tempo sem brincar no meio do povo, fora dos trios elétricos, mas se sentiu à vontade após não ser reconhecida: “Eu pensei: ‘Aff, eu já conheço esse lugar, essa energia. Se essa rua falasse, eu não tinha carreira’. Foi como fazer o download de memórias antigas. [...] Eu me senti tão à vontade que até tive vontade de fazer coisas simples como mijar na rua e passar por todo aquele processo do carnaval raiz, sabe? Comprei cerveja no isopor, fiquei ali parada do lado, sem ser notada por ninguém. Era delicioso, sabe? Ninguém sabia quem eu era, eu só curtia o momento, o isopor, e aquele tapume que virou quase um ponto de apoio emocional”, continuou.Ivete deu um fim muito carnavalesco (e romântico) à história: “Eu virei para o Daniel de novo: ‘Quero que você me beije aqui, agora, segurando nesse tapume.’ E foi o que fizemos. Cada beijo era como se eu estivesse dizendo: ‘Eu quero namorar você.’ E eu disse mesmo, falei: ‘Daniel, eu quero te beijar, mas não de qualquer jeito. Quero algo de verdade.’ Ele devia estar achando graça de tudo, mas ali, no meio daquele caos e daquela simplicidade, o momento foi perfeito”, finalizou.